Cientistas brasileiros ligam zika a novo distúrbio cerebral em adultos

13 de abril de 2016

Cientistas brasileiros revelaram um novo distúrbio cerebral em adultos associado ao vírus da zika: uma síndrome autoimune chamada encefalomielite disseminada aguda, ou Adem, que ataca o cérebro e a espinha dorsal.

O vírus já foi relacionado a outro distúrbio autoimune, a síndrome de Guillain-Barré, que ataca os nervos periféricos fora do cérebro e espinha dorsal, causando uma paralisia temporária que pode, em alguns casos, fazer com que os pacientes precisem da ajuda de equipamentos para respirar.

A nova descoberta mostra que o zika pode provocar também um ataque imune contra o sistema nervoso central. Com isso, aumenta a lista de danos neurológicos associados a ele.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existe um grande consenso científico de que, além da Guillain-Barré, o vírus da zika pode causar a microcefalia em recém nascidos, embora a produção de provas conclusivas ainda deva demorar meses ou anos.

A microcefalia é uma má-formação cerebral, na qual os bebês nascem com cabeças menores do que o normal, o que pode resultar em problemas de desenvolvimento.

Além de doenças autoimunes, alguns pesquisadores também têm apresentado relatos de pacientes com vírus da zika que desenvolvem encefalite e mielite –distúrbios neurológicos tipicamente causados pela infecção direta de células nervosas.

“Embora nosso estudo seja pequeno, pode fornecer evidência de que, nesse caso, o vírus tem efeitos diferentes sobre o cérebro do que aqueles identificados nos estudos atuais”, disse em um comunicado a doutora Maria Lúcia Brito, neurologista do Hospital da Restauração, no Recife.

A Adem ocorre tipicamente como consequência de uma infecção, provocando o inchaço acentuado do cérebro e da espinha dorsal e danificando a mielina, a proteção esbranquiçada que envolve as fibras nervosas. Os sintomas são fraqueza, dormência e perda do equilíbrio e da visão, similares aos da esclerose múltipla.

Maria Lucia Brito apresentou suas descobertas neste domingo, durante um encontro da Academia Americana de Neurologia, em Vancouver, no Canadá.

O estudo envolveu 151 pacientes que foram atendidos no hospital entre dezembro de 2014 e junho de 2015. Todos foram infectados com arbovírus, a família de vírus da qual fazem parte dengue, zika e chikungunya.

Seis dos pacientes desenvolveram sintomas consistentes com distúrbios autoimunes. Desses, quatro tinham Guillain-Barré e dois tinham Adem. Em ambos os casos de Adem, imagens do cérebro mostraram danos na mielina. Os sintemas da Adem duram tipicamente seis meses.

Todos os seis pacientes testaram positivo para zika, e todos tiveram efeitos prolongados após receberem alta do hospital, com cinco pacientes tendo apresentado disfunção motora, um problemas de visão e um declínio cognitivo.

Fonte: Folha de S. Paulo (Site)

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