Novas drogas contra Aids tiram o HIV de esconderijos no corpo

03 de agosto de 2015

Cientistas trouxeram novas esperanças de cura da Aids. Dois estudos publicados na revista científica “PLoS Pathogens” mostraram resultados encorajadores com uma combinação de substâncias que induzem o vírus HIV a sair de seus “esconderijos” no corpo humano, para que, então, seja eliminado do organismo.

Pilar do tratamento da Aids, a terapia antirretroviral mata o vírus na corrente sanguínea, mas não consegue atingir seus reservatórios, indetectáveis pelo sistema imunológico.

A força desses reservatórios ficou clara no caso de um bebê do estado do Mississipi, nos EUA, que recebeu medicamentos antirretrovirais no nascimento e chegou a ficar livre do vírus mesmo após a interrupção do tratamento. Mas ele voltou a se manifestar após dois anos.

Portanto, para erradicar o vírus do corpo e realmente curar o indivíduo, os reservatórios precisam ser ativados e eliminados, a partir de uma estratégia chamada “chutar e matar”, aplicada nas duas novas pesquisas.

Um dos estudos, liderado pela equipe da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, investiga os efeitos do PEP005, substância encontrada num medicamento para câncer de pele, já aprovado pela agência de reguladora dos Estados Unidos, a FDA. A droga, portanto, é comercializada no país e mostrou ter baixa toxicidade, provocando poucos efeitos colaterais.

— Os reservatórios virais em indivíduos infectados pelo HIV são rapidamente reativados após a interrupção da terapia antirretroviral. Portanto, novas estratégias são necessárias para erradicar esse vírus latente — explica um dos principais autores do estudo, Satya Dandekar, da universidade californiana. — Descobrimos que o PEP005, que faz parte de uma nova classe de drogas anticâncer, conseguiu reativar o vírus que estava em latência.

LONGO CAMINHO À FRENTE

Além disso, a combinação de PEP005 e da substância JQ1 reativaram o HIV num nível 7,5 vezes maior se comparada ao PEP005 sozinho. Os cientistas testaram o composto em células cultivadas em laboratório e em amostras do sistema imunológico de 13 pessoas com HIV. A droga, entretanto, ainda não foi testada diretamente em indivíduos infectados.

Reconhecida por suas pesquisas em HIV, a professora Sharon Lewin, da Universidade de Melbourne, considerou os resultados “interessantes” e disse que marcam um “avanço importante na busca por novos componentes capazes de ativar o HIV oculto”. Entretanto, em entrevista à rede britânica “BBC”, ela destacou que muito trabalho ainda precisará ser feito.

— Embora o PEP005 faça parte de um medicamento aprovado pela FDA, vai levar algum tempo para comprovarmos se ele é seguro para uso no âmbito do HIV — afirmou.

No segundo estudo, os pesquisadores da Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, mostraram esse resultado de reativação do HIV latente por uma combinação de tratamentos com os chamados agonistas de PKC (prostatina, bryostatina-1 e ing-B) e compostos que liberam a substância P-TEFb (JQ1, I-BET, I-BET151 e HMBA). Eles também foram testados em células cultivadas em laboratório e em amostras do sistema imunológico de indivíduos com HIV. O efeito foi notado 24 horas após a aplicação das drogas.

— Nossos resultados trazem provas de que esta combinação de substâncias pode ser uma estratégia proposta para a cura ou a remissão duradoura da infecção do HIV — comentou a autora principal do estudo, Carine Van Lint.

Fonte: O Globo

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