Zika já afasta do país turistas estrangeiros

14 de março de 2016

O temor internacional com relação ao surto do vírus da zika já tem tido impacto no fluxo de turistas estrangeiros que visitam o Brasil.

Levantamento feito pela Folha com dez das maiores agências de turismo receptivo do país mostrou que sete delas registraram ao menos dois ou três cancelamentos de grandes grupos cada uma, desde o início do ano, totalizando 579 estrangeiros que deixarão de visitar o país entre fevereiro e maio.

São turistas que já tinham reservado passagens aéreas e hotéis em cidades como Rio, São Paulo,Recife, Foz do Iguaçu e Manaus, mas voltaram atrás depois que imagens de bebês com microcefalia,doença que se suspeita estar relacionada como vírus, inundaram o noticiário estrangeiro.

Integrantes do setor ressaltam que o número de cancelamentos é baixo diante do total de visitantes estrangeiros— 6,4 milhões deles viajaram ao Brasil em 2014 (último dado disponível).

As más notícias vieram em momento de dólar valorizado, o que torna o país mais barato para quem vem de fora.

Operadores já afirmam que os turistas estão começando a desconsiderar o Brasil como destino para a próxima alta temporada no hemisfério sul.

Embora declarem que o impacto é pontual, temem que o movimento indique uma tendência a médio prazo.

Um grupo de 90 portugueses, por exemplo, cancelou a viagem que faria, em março, para o Recife,como intermédio da agência Rentamar.

Três grupos de 40 americanos desistiram de visitar Rio, Manaus e Foz do Iguaçu, no Paraná, em maio, com a Sat Tours. Sessenta iranianos cancelaram a ida a Foz, o segundo maior destino turístico do Brasil. O mesmo fizeram 18 malaios da BluMar.

“A mídia lá fora está bombardeando o Brasil com notícias negativas e isso tem impacto, ainda que pontual, no turismo”,diz a gerente operacional da Sat Tours, Patrícia Pontes. “Os americanos costumam ser os mais reativos”.

Um casal de espanhóis desistiu de Porto de Galinhas (PE). Um de portugueses cancelou a ida ao Rio. Grávidas, as mulheres seguiram orientações da Organização Mundial de Saúde, que desaconselhou visitas de gestantes a 23 países por causa do vírus.

A Matueté, agência paulista de turismo de luxo, esperava uma demanda por viagens 50% maior para esta época do ano, segundo o agente Bruno-Mathieu Roy.

OLIMPÍADA

Segundo as agências, não é possível dizer que haverá impacto para os Jogos Olímpicos, em agosto, no Rio. O motivo é que a agência parceira do COI (Comitê Olímpico Internacional), a Tam Viagens, tem prioridade na comercialização de pacotes com hospedagem no país. Procurada, a Tam afirmou que ainda não registrou desistências devido ao zika.

O presidente da Brazilian Incoming Travel Organization (Organização de Turismo Receptivo do Brasil), Salvador Saladino, expressou,contudo, preocupação com o cenário para os Jogos. “Existem condições para uma redução no número de turistas na Olimpíada. Se a OMS Organização Mundial de Saúde diz que há uma epidemia, grávidas, por exemplo, com certeza não virão”, afirma Saladino.

Algumas empresas já mudam seus procedimentos para se adaptar ao novo cenário. A Rentamar, por exemplo, assegurou-se de que cada um dos 140 funcionários mexicanos de uma multinacional que visitaram o Rio em fevereiro tivesse um tubo próprio de repelente.

De acordo com a diretora executiva da Havas, Rachel Havas, nas reuniões do Global DMC Partners, espécie de associação internacional de turismo receptivo, o interesse pelo Brasil como opção de destino para o próximo verão diminuiu.

A entidade costuma ser consultada por grandes multinacionais quando elas querem enviar seus executivos em viagens de bonificação ao exterior.

Fonte: Folha de S.Paulo (Lucas Vettorazo e Luiza Franco)

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